Há uma nova onda de esperança para o cinema brasileiro. Em janeiro deste ano, a Ancine divulgou que o Brasil alcançou um novo recorde de salas de cinema em funcionamento, além de um crescimento expressivo em 2024 no comparativo com o ano anterior entre espectadores de produções nacionais. Em março, o país conquistou o seu primeiro Oscar com “Ainda Estou Aqui”, e em maio foi o país convidado de honra em Cannes, com “O Agente Secreto” conquistando os prêmios de melhor ator e melhor direção na mostra principal do festival.
O cinema não vai morrer. A relação entre público e cinema se transformou ao longo das últimas décadas, seja com a chegada da televisão ou seja a partir da consolidação do streaming. Além disso, impactos provocados por avanços tecnológicos e debates sociais também foram sentidos. No entanto, como reportado pela Ancine, o brasileiro continua indo ao cinema e as nossas histórias estão alcançando novos mercados e críticas.
Dentro desse contexto, diferentes perspectivas podem ser mapeadas para detalhamento, sendo uma das mais importantes a relação da audiência com os exibidores. Um brasileiro só pode assistir a um filme em uma tela com centenas de polegadas se uma sala de cinema estiver aberta. Como exercício, a Parrot Analytics, líder global em análise de mídia e entretenimento e responsável por responder às questões mais fundamentais da indústria, mapeou através de estudo de caso quem é a audiência que engaja com um dos principais exibidores no Brasil.
Através da metodologia Brand Affinity, a Parrot Analytics foi capaz de analisar os usuários que engajam e compõem a audiência digital desse exibidor em 2024. Dessa maneira, é possível organizá-los em grupos com interesses semelhantes, já que apesar de todos terem o exibidor como interesse em comum eles se diferenciam em perfil demográfico, hábitos e interesses. Assim, quatro grupos distintos, entre seis, destacaram-se.
O primeiro grupo, que representa 22% dessa audiência , é composto por um perfil majoritariamente mais masculino e mais jovem, de até 32 anos. Esse grupo que conta com quase um quarto do total da audiência no digital representa uma fanbase engajada no universo geek, em especial entre super-heróis. Eles têm uma alta sinergia com distribuidoras desses filmes, como a Warner Bros. Discovery, casa dos filmes da DC. Essa audiência também está interessada em dubladores e criadores de conteúdo focados na cultura geek.
O segundo grupo representa 21% da audiência e apesar de também serem jovens, é um cluster majoritariamente mais feminino. Um dos seus principais interesses é o K-pop, em especial o BTS e os seus integrantes - o que não é uma surpresa para salas de cinema que exibem filmes-concerto do grupo. Além disso, é uma audiência que apresenta afinidade com marcas de lazer, seja streaming de música, promotoras de eventos ou fast-food.
Afastando-se dessa audiência, o terceiro grupo, que representa 20% do total, apresenta um perfil majoritariamente mais masculino e levemente mais velho, concentrando pessoas acima dos 32 anos. Há um interesse cross entre esportes e finanças, em que marcas que compõem esse universo, como cervejas, snacks e bancos digitais apresentam uma afinidade com esse grupo. Além disso, jornalistas esportivos e criadores de conteúdo também são destaque.
Por fim, o quarto grupo, que representa 16% dessa audiência e tem um perfil mais feminino e equilibrado entre gerações, têm a brasilidade como destaque. Além de engajarem com programas lineares da TV brasileira, distribuidoras nacionais, como a Downtown Filmes, apresentam afinidade com esse público. Entre talentos, atores nacionais são o destaque.
Com isso, é possível perceber que uma audiência que engaja com um exibidor pode ser diversa, mesclando gêneros, gerações e interesses. Esse resultado mostra as múltiplas possibilidades de manter essa audiência indo aos cinemas, além de dar suporte em possíveis parcerias com marcas de consumo para alcançar targets desejados. Em um cenário cada vez mais positivo para o cinema brasileiro, entender com quem está dialogando nunca foi tão importante.
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