Belly Conklin está prestes a completar 16 anos. Ela costuma passar as férias de verão em uma cidade litorânea com a família e amigos; é lá que a jovem se envolve em um triângulo amoroso com os irmãos Fisher. Adaptada dos livros homônimos, a série “O Verão que Mudou a Minha Vida” transformou um triângulo amoroso adolescente em uma competição, com fãs fervorosos dividindo suas opiniões através das redes sociais sobre com qual personagem Belly deveria terminar.
A série original da Amazon Prime Video conquistou um fandom que ultrapassou as barreiras digitais, com bares em diferentes cidades do Brasil exibindo o episódio final da terceira e última temporada em setembro de 2025. Segundo os dados da Parrot Analytics, líder global em análise de mídia e entretenimento, a audiência principal da série está concentrada entre mulheres de 16 a 32 anos. Alcançar esse target se mostrou uma conquista estratégica da Prime Video, já que o catálogo da plataforma no Brasil tem uma presença mais forte de homens e millennials.
Apesar de triângulos românticos não serem originais, é possível observar como eles ainda são capazes de dialogar com a audiência, impulsionando engajamento e consolidando IPs. Com um lançamento binge-watching em 2021, a série havia conquistado uma demanda de 3,4 vezes a média de todos os títulos no mercado brasileiro durante o seu primeiro mês. Com um lançamento episódico, a terceira temporada aumentou esse patamar em 11 vezes, alcançando uma demanda de 36,5 vezes a média de todos os títulos, independentemente do gênero ou país de origem, em seu primeiro mês de lançamento. Esse patamar é alcançado por menos de 1% dos títulos mapeados pela Parrot Analytics.
A métrica de demanda engloba buscas online, interações em redes sociais, consumo em sites de vídeos e em plataformas open-streaming, mapeando toda a jornada de descoberta e interação do consumidor com o conteúdo, e quantificando a popularidade de séries, filmes e talentos na economia de atenção. Durante o seu período de exibição em 2025, “O Verão que Mudou Minha Vida” foi a segunda série de maior demanda no mercado brasileiro entre títulos com novas temporadas, indicando como a força desse tipo de história ressoa com a audiência brasileira.
Além disso, considerando apenas títulos disponíveis nas principais plataformas de SVOD na América Latina, o subgênero Coming of Age é o quinto de maior oferta entre o gênero de drama, o que também mostra como esse tipo de conteúdo se destaca não só no Brasil, mas também em toda a região. Títulos como Heartstopper e Para Todos os Garotos que Já Amei são exemplos de produções recentes que dão nota a essa descoberta da juventude sob a perspectiva de personagens Gen Z. Nesse contexto, é importante ressaltar o valor do IP, já que todos os exemplos citados são produções baseadas em livros.
Esse ciclo, novamente, não é original, mas funciona quando o conteúdo consegue alcançar a audiência certa, que cria teorias, promove atores novatos ao posto de it girls ou, como aconteceu com Christopher Briney, intérprete de Conrad Finsher em “O Verão que Mudou a Minha Vida”, ao posto de internet boyfriend. Engajar esses adolescentes pode ser um caminho para construir uma IP que possibilite diferentes desdobramentos. Há 20 anos, por exemplo, Crepúsculo era lançado nas livrarias, tornando-se um fenômeno pop ao também apostar em um triângulo amoroso. Duas décadas e 5 filmes depois, a franquia ganhará uma série animada pela Netflix. Além disso, a franquia cinematográfica continua registrando patamares expressivos de demanda no Brasil, evidenciando a força do seu legado.
No entanto, quando observado pela perspectiva de conteúdos brasileiros, esse tipo de produção, focado mais na adolescência até o início da maioridade e menos na transição vinda da infância, perdeu destaque como categoria em formato serializado, principalmente após o fim de Malhação. No entanto, resultados bem-sucedidos de títulos como As Five (Globoplay), De Volta aos 15 (Netflix) e O Amor da Minha Vida (Disney+) mostram que há espaço para novos investimentos.

